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5 de novembro de 2024

momentos mágicos no tempo

Não consegui passar aqui antes do dia das bruxas, nem mesmo na data específica. Não vou me culpar não vou me culpar não vou me culpar. Viver é cheio de coisas e nem sempre as coisas saem como planejado. Na realidade, raramente as coisas saem como planejado, especialmente quando você já tem uma dificuldade de planejar as coisas e sabe que, se sair do planejado, entrará em uma espiral de estresse. Eu amo ser neurodivertida (sem sarcasmo aqui, eu amo quem eu sou, mas puta merda, sabe.)

Praticamente a única coisa comemorativa de Halloween que eu fiz foi atender assim:

Porém hoje eu estava percebendo que praticamente tudo que ando fazendo e consumindo tem um tema em comum, que inclusive se encaixa bem na temática dia das bruxas. Acabei resolvendo falar sobre isso, mesmo que atrasado. Acompanhem-me.

Leituras.

Uma magia destilada em veneno (Judy I. Lin) é um livro de fantasia chinesa e quem me conhece sabe que eu amo fantasia chinesa, mais do que qualquer outro tipo de fantasia. Meu interesse começou com os dramas chineses, mas atualmente estou sem paciência para assistir coisas, então parti para as leituras nesse gênero (e tem muita coisa boa!)

Peguei esse livro pelo Kindle Unlimited sem saber que é uma duologia (e é óbvio que o segundo volume não está disponível para alugar, heh). Enfim, o livro fala sobre Ning, uma moça de um vilarejo pequeno, filha de um médico e de uma mestre de uma Arte chamada Shénnóng, que acaba indo para a capital para concorrer a um favor da Princesa após a morte de sua mãe e o adoecimento de sua irmã.

Tem sido uma leitura bem interessante e eu adorei a fusão de chá e magia, como se a magia não fosse algo por si só, mas sim algo dependente da arte do chá. Gosto quando a magia tem essa "releitura" de ser uma espécie de Arte e não apenas um poder que a pessoa tem porque nasceu com ele ou o desenvolveu em algum momento na vida.

Witch Hat Atelier (Kamome Shirahama) também segue essa fórmula em que a magia não é simplesmente uma questão de talento, algo com o qual a pessoa nasce.

Claro, esse é o dilema da personagem principal logo no primeiro capítulo: ela queria muito ser uma bruxa, mas nasceu humana; até que um dia, por acidente, descobre que, sim, pessoas normais também podem ser bruxas e, na realidade, a magia é uma Arte que qualquer um pode fazer, mas que é mantida em segredo por questões de segurança.

O mangá é muito fofo e tem esse foco na relação entre as meninas do atelier de Qifrey, mestre que é encarregado de supervisionar o aprendizado das meninas durante essa fase de suas vidas. É uma leitura que estou fazendo há tempos e ainda estou longe de estar em dia com todos os capítulos lançados, mas estou adorando ainda assim. Interessante notar que comecei a ler mais porque achei o traço do mangá extremamente lindo, mas a questão da magia me conquistou rapidinho!

Jogos.

Cult of the Lamb.

Sempre quis jogar esse querido, desde que vi seu lançamento em 2022. Porém, eu nunca fui muito gamer, então acabei protelando por muito tempo, até que o destino me deu a oportunidade de jogar joguinhos com mas frequência e resolvi tentar investir um pouco nisso.

Descobri que grande parte da minha dificuldade com jogos era simplesmente a falta de um controle, hahah! Enfim, peguei o jogo emprestado de uma amiga na Steam, comecei a jogar e, como esperado, foi amor a primeira vista.

Neste jogo, você é uma ovelhinha que é sacrificada em um ritual de adoração da religião dominante no momento mas, após a morte, você encontra Aquele que Espera, uma entidade que devolve sua vida e, em troca, você precisa começar um culto para reverenciá-la. É um jogo que mistura a administração do culto com momentos de exploração e caçadas para conseguir mais seguidores e recursos para manter seu culto. Em geral eu tenho dificuldade com jogos que requerem luta então me afasto dos roguelikes/roguelites da vida, mas como esse não é o foco do jogo e eles acabam colocando umas opções de acessibilidade bem legais, acabo me divertindo bastante!

Até o momento já derrotei 3 dos grandes bispos e meu culto cresce cada dia mais, adoro cuidar dos meus queridinhos e fico genuinamente triste a medida em que o cemitério vai aumentando :( Mas é a vida, né. Faz parte.

Sucker for Love: Date do Die For.

Ok, me escutem. Talvez eu tenha tendências monsterfuck. Ok, "talvez" é um understatement. Eu já falei com meu namorado que um dia ele vai ter que se vestir de Babadook para satisfazer minhas fantasias (falei em tom de brincadeira, óbvio, mas vai que...)

Então quando um amigo me recomendou esse jogo em que eu posso paquerar uma deusa eldritch, é óbvio que eu precisei jogar. Depois eu descobri que o jogo é uma continuação de uma saga, mas não cheguei a jogar os outros. Enfim, amei fazer os rituais, tentar escapar do culto maluco que estava emprisionando a minha querida Rhok'zan e conquistar um final feliz em todos os capítulos. Recomendo muito pra quem, como eu, gosta de um romance meio ishquisito.

Cosmic Wheel Sisterhood.

Este foi o primeiro jogo que terminei na vida (pra vocês verem como eu realmente não sou gamer de jeito nenhum, uaheuahduah) e, olha, mexeu algumas coisas aqui dentro, viu? Não sei direito o que esse jogo tem, mas vi que muita gente sente a mesma coisa que eu.

Talvez seja a experiência de isolamento, a nostalgia, a saudade que é um sentimento sempre presente no jogo... Ou talvez seja porque todo mundo um dia sonha em fazer um contrato com uma entidade cósmica, não sei.

Neste jogo, você é uma bruxinha chamada Fortuna cuja especialização mágica é a divinação por meio de oráculos. Após ver um futuro desagradável para seu Coven, Fortuna é exilada por milhares de anos e, por conta da angústia, faz um pacto com Ábramar, um Behemoth, cuja invocação é algo expressamente proibido em seu Coven. Depois desse pacto, as coisas começam a mudar para Fortuna e ela cria seu próprio oráculo (sim, você pode escolher o design das cartinhas! as minhas sempre ficavam horríveis, tho) e retoma o contato com suas amigas mais antigas, além de se envolver com intrigas políticas do Coven novamente.

É um jogo muito relaxante, mas ao mesmo tempo a história é permeada de momentos angustiantes. Acho que é o jogo perfeito para nós, bruxinhas melancólicas.

Sinto em falar que acho que nenhum dos jogos citados está disponível em português, mas as leituras tem versões brasileiras oficiais! Enfim, obrigada pelos comentários no último post, agradeço muito quem leu até aqui ♡

17 de outubro de 2024

Sobre não saber mais existir como antigamente

A verdade é que eu não sei mais como manter um blog. Não sei direito o que quero postar aqui, o que quero mostrar aqui. O meu dia-a-dia? Minhas reflexões? De uns tempos pra cá, parece que tudo que reflito sobre é tão curto e desconexo que não chega a formar um texto. Talvez eu esteja acostumada demais com o microblogging e esqueci como desenvolver mais do que isso. Talvez eu só esteja cansada de textos longos por trabalhar com redação há 8 anos. Não sei, não sei.

Eu estou mega frustrada com a internet atual há muito tempo, mas tenho a sensação de que também não consigo voltar aos moldes antigos. É quase como se eu só quisesse desligar, mesmo. Ou talvez eu só esteja cansada porque, finalmente, estou conseguindo trabalhar e dar conta das minhas responsabilidades. E isso, claro, me deixa exausta.

No mais, decidi que meus novos propósitos de vida são aprender a fazer todos os molhos possíveis e adotar um gato frajolinha. O primeiro posso começar a trabalhar neste exato momento, mas o segundo vai ter que esperar até eu ter minha casinha própria, que só Deus sabe quando vai acontecer.

Além disso, passei pelo processo de avaliação neuropsicológica recentemente, o que me deixou muito pensativa em relação a, bem... a minha vida inteira. Sobre quem eu sempre fui, quem eu tentei não ser, quem eu tenho vergonha de ser, quem eu acho que deveria ser, e por fim quem eu posso me tornar a partir de agora. Ainda estou processando tudo isso.

No fim, só estou sobrevivendo a cada dia. Não de um jeito ruim, como se eu estivesse infeliz com a minha vida. Só de um jeito calmo, tentando não me afobar para tentar resolver tudo do dia pra noite, como costumo fazer sempre.

Espero lembrar de voltar aqui antes do dia das bruxas para comemorar essa data que, claro, é uma das minhas favoritas do ano.

Obrigada a todes que ainda se importam e me leem ♡

Edit: Lembram que, alguns vários posts atrás, eu falei que não gosto de literatura hot? Pois então, meu namorado me chamou a atenção para o fato de que eu talvez goste de smuts bizarros. Calma, eu posso explicar. Tudo começou quando eu comecei a seguir um perfil no bsky que posta e-books gratuitos na Amazon e, com frequência, esses livros gratuitos são smuts bizarros como, por exemplo, Seduzida pelo meu chuveiro senciente. Acontece que essas histórias são tão bizarras que eu acabo adorando e rindo muito. O tesão humano A criatividade humana é uma coisa incrível.

6 de agosto de 2024

Sigo viva, até que se prove o contrário.

Julho não foi tão terrível quanto pensei que seria, mas teve seus momentos, e agosto começou me massacrando de diversas formas. Pergunto-me quando virá algum alívio.

O sono anda bem -- finalmente -- por conta de um suplemento de melatonina em forma de gomas sabor morango. Também por conta dos remédios, que estão em dia. Mas a psiquiatra tem novas suspeitas, o que me coloca em uma posição de bastante angústia e ansiedade. Só o tempo dirá, mas um novo diagnóstico aos quase 30 anos certamente é pesado, considerando que tenho mais anos vividos diagnosticada do que não diagnosticada.

Por falar em diagnóstico, não aguento mais discussões de twitter sobre isso. A questão é que, naquele rede social, tudo tende sempre a ir para algum extremo, ignorando as nuances do debate. Dentro da academia, a gente raramente chega num consenso: a gente só critica, critica e critica. Prefiro assim. E prefiro que as pessoas recebam os cuidados necessários, independente de diagnóstico. O problema é que, no mundo em que vivemos, precisamos sempre de um papel documentando certinho onde que estamos quebrados pra conseguir sermos reconhecidos como merecedores de cuidados.

Por falar em twitter, acabei deletando o meu. Não saí totalmente da rede social, continuo usando uma conta privada que comecei a usar depois da morte da saudosa roda. Fiz isso porque o algoritmo do meu twitter estava muito absurdo e até conseguir consertar seria muito trabalhoso. Resolvi usar uma conta que não usava muito e, portanto, não tinha o algoritmo treinado, pra já ir cortando o mal pela raiz. Tem ajudado bastante a não me estressar com a rede. Além disso, por ser uma conta trancada, sinto que posso me expressar melhor com as pessoas mais próximas, sem medo que meus tweets tenham consequências, como acontecia anteriormente. Sei que quando a gente expressa uma opinião, a gente sempre tem que estar aberto pro debate, mas chegou um momento em que eu simplesmente quero usar rede social para me alienar, ver vídeo de bichinho e reclamar da vida, não para acompanhar e participar de debates sérios. Para isso, prefiro ler produções acadêmicas, colunas de opinião, materiais de coletivos, entre outros.

Outra coisa relevante que acho que deveria comentar é que eu tive que extrair um dente. Foi o dente 26, o primeiro molar superior esquerdo. Isso significa que não foi um siso, foi um dente normal, e um dos que a gente mais usa na mastigação. Tudo isso porque ele estava fraturado em uma parte muito profunda, chegando na raiz do dente. E como isso aconteceu, você pergunta. Não tinha cárie, não tinha nada. Assumo que foi resultado de uma restauração que fiz em 2020 -- que foi traumática, aliás --, em que realmente senti que a broca foi um pouquinho fundo demais. Acho que era o caso de fazer um tratamento de canal e não apenas uma restauração, porque toda essa história rendeu não apenas uma fratura como também um cisto no céu da minha boca, que estava inflamado e doía consideravelmente. Agora tenho um espacinho bastante incômodo na boca e só posso mastigar com o lado direito enquanto espero a prótese ficar pronta.

No mais, continuo trabalhando, ficando altamente estressada com a rotina, tendo crises de choro, jogando The Sims 4 e assistindo Bluey. Viver é meio agridoce às vezes.