
Quem me conhece sabe que a questão das pessoas transgênero é uma que mexe muito comigo. Por isso, costumo assistir filmes que abordam este assunto, e é incrível porque eu geralmente choro. Como eu disse, mexe muito comigo.
Meu Nome é Ray (Three Generations) narra a história de uma família formada por Ray, um menino trans de 16 anos que deseja começar a terapia hormonal, mudar de escola e recomeçar sua vida como garoto; sua mãe, que é solteira e faz o máximo que pode para aceitar a realidade de seu filho; sua avó, que não aceita muito bem a situação e vive perguntando se Ray não podia simplesmente ser lésbica; e a namorada de sua avó, que é ativista contra a circuncisão feminina e tenta se manter fora dos assuntos da família, mas ainda tem algum receio em relação à transição de Ray.
A fim de iniciar a terapia hormonal, Ray precisa que seus pais assinem uma autorização, mas sua mãe tem dificuldades em localizar seu pai e convencê-lo de assinar os documentos.

Esse filme não é nada do que eu esperava. É dramático, doloroso e digno de muitas lágrimas, mas não pelos motivos que se pensa. A aceitação da família, ainda que não total, permite que Ray tenha a liberdade de ser o garoto que ele é. A transfobia, por incrível que pareça, não é o foco aqui. O problema está, de fato, no drama da família ao se deparar com tantas mudanças ao mesmo tempo, precisando desenterrar assuntos que ninguém mais ousava falar e trazer à tona muita coisa que não foi elaborada.
Eu achei isso simplesmente sensacional porque não trata o fato de Ray ser trans como a maior catástrofe da família. De fato, é apenas uma pequena mudança que serve de estopim para uma avalanche de problemas reais, como a ausência de um pai que se acha no direito de dizer não à realização do filho no momento em que reaparece.
Em um determinado momento, o sentimento da cena foi tão forte que eu quase tive que pausar e respirar fundo porque as lágrimas estavam fluindo e borrando a minha visão. Não sei se eu que sou sentimental ou se é porque me identifico com o sofrimento de Ray (não pelas mesmas circunstâncias, mas enfim), mas eu realmente fiquei mal por alguns momentos ao assistir o filme.
Avaliação final
Pontos fortes: O filme inteiro.
Pontos fracos: Filme trans sem ator trans é golpe! Será que um dia a indústria cinematográfica vai entender de fato sobre o quê se trata inclusão e representatividade?
Recomendo o filme? Sim! Se você gosta de dramas familiares, pode ser uma boa indicação.