
Relacionamentos são complicados. Quando eles terminam então, nem se fala. É ainda pior quando o relacionamento já dura anos e a pessoa resolve te dar um pé na bunda por Skype, pois está morando há muitos quilômetros de distância, e você já comprou as passagens para visitá-la em breve.
É assim que começa Soltera Codiciada (2018), ou "Como Superar um Fora", uma espécie de comédia romântica da Netflix que representa relativamente bem essa fase desgraçada que é o término de um namoro para a maioria das mulheres.
María Fe (Mafe) é uma publicitária que vive em Lima, Peru, e tem sua vida virada de cabeça para baixo quando seu namorado, Matías, que está fazendo mestrado em Madrid, resolve terminar o relacionamento que já durava 6 anos. De início, Mafe fica arrasada, como qualquer um de nós ficaria, mas aos poucos busca se reerguer em meio às lembranças e alucinações nas quais vê Matías a criticando.
Por sugestão de sua amiga Natalia, Mafe resolve arranjar uma colega de quarto, que acaba sendo Carol, uma mulher com uma vibe meio desapegada, adepta do poliamor e fã de coisinhas naturais, sem açúcar e outros ingredientes nocivos. Com ela, Mafe aprende muitas coisas novas para ocupar sua cabeça, mas ainda não consegue esquecer Matías.
Eis que suas amigas a encorajam a fazer uma coisa que sempre teve vontade: escrever. María Fe acaba criando um blog, chamado Soltera Codiciada (Solteira Cobiçada, em português), no qual fala sobre suas experiências amorosas, inclusive sobre o término de seu namoro — tudo isso sem revelar a sua verdadeira identidade.
O problema é que o blog realmente começa a ficar famoso e Mafe se vê tendo que lidar com a sua própria dor, suas tentativas frustradas de conhecer novas pessoas, seu emprego com um chefe asqueroso, os problemas de suas amigas e ainda manter o blog na ativa.

Primeiramente eu gostaria de ressaltar uma coisa que me desagradou muito no filme: os estereótipos. Sei bem que estereótipos são ótimos pontos de partida para a criação de personagens, mas o filme não se aprofunda muito e não mostra quem as mulheres realmente são fora de seus respectivos estereótipos. Mafe é a moderninha de coração partido que dá a volta por cima e ainda se dá bem com isso; Carolina é a hipponga moderna que não se apega, vegetariana, light, paz e amor; e Natalia é a mulher de negócios que não tem tempo para nada, nem mesmo para umas paquerinhas.
Ainda que, em determinado momento, o filme dê espaço para vermos um pouco mais fundo na história de Carolina, ela ainda é apenas uma colega de quarto que serve para preencher a história e dar a sensação de que Mafe não está completamente sozinha.
Em segundo lugar, Matías. Pra mim, Matías é a personificação do esquerdomacho. Tem até o raio do coque samurai. Do jeito que Mafe fala dele, parece um anjo de pessoa. No entanto, quando ele finalmente aparece de verdade no filme, percebe-se que Matías é um lixão igual grande parte dos homens de esquerda que se acham bonzinhos, mas que na primeira oportunidade vão sugar a sua vida — e você tem que agradecer por isso.
Porém, contudo, entretanto, toda via, nem tudo é tão ruim assim. Se o filme não tivesse me agradado de alguma forma, eu não estaria falando dele por aqui (ou estaria? Hmm). Teve alguns pontos que eu gostei bastante neste filme.
O primeiro foi a pegada um pouco feminista do filme. É um feminismo leve (afinal, estamos falando do Peru, um país que tem uma mentalidade muito próxima da nossa nessas questões), tanto que ainda dá pra ver uns resquícios de sexismo no filme. Um exemplo é quando Natalia, amiga de Mafe, é zombada em um casamento por nunca ter tido tempo para relacionamentos, e ela logo corre atrás de um boy para disfarçar sua solidão; reforçando a ideia de que estar solteira há muito tempo é sinal de fracasso e que não dá pra ser feliz sozinha.
Ainda assim, mesmo que de maneira sutil, Mafe consegue se empoderar e tomar as rédeas da própria vida — uma mensagem que todas as mulheres precisam, ainda que não seja tão fácil.
O principal, no entanto, é a mensagem final: você não precisa de um novo amor para superar o antigo. Isso é especialmente importante ensinar para as pessoas. Acho que desde criança eu ouço que um coração partido só se cura com um novo amor, mas a verdade é completamente diferente disso e, felizmente, eu tive a oportunidade de passar por isso em primeira mão. Talvez, se adaptarmos a frase, ela se torna um pouco mais precisa:
Coração partido só se cura com um novo amor: o próprio.
Avaliação final
Pontos fortes: 2
Pontos fracos: 2
Bônus: Embora não seja um ponto forte em si, acho interessante ressaltar que esse filme conta com a presença de Christopher von Uckermann, nosso queridinho Diego da novela Rebelde (versão mexicana). Fiquei até surpresa quando vi a cara dele pois demorei um pouco pra reconhecer — e olha que ele era meu crush celebridade de criança, viu?
Recomendo o filme? Só se você gosta de filmes lights e divertidinhos, pois não é nada demais. Não é um filme que vai te fazer refletir, nem tem um humor tão bom a ponto de você dar belas risadas. É um filme divertidinho e só, perfeito para aquelas noites de solidão na qual a gente se pega querendo só se distrair de leve, sem se envolver demais.
Imagens do post: Tondero Films
Nenhum comentário
Postar um comentário