
Semana passada, teve lançamento de álbum da Taylor Swift. E como sempre ocorre, surge até teu vizinho pra reclamar e dizer que não entende o hype, ou que é cringe, ou que é problemático de alguma forma (geralmente justificando isso com malabarismos argumentativos que beiram à psicose, ou só não tendo uma boa interpretação de texto mesmo).
Para quem gosta, os períodos de lançamento da Taylor são extremamente agridoces. Pra quem já está acostumado com o jeitinho dela, já sabe que não se pode dar o play com alguma expectativa específica acerca do que está por vir, mas ao mesmo tempo não se pode esperar algo completamente diferente de tudo que ela já fez. Porque a verdade é que ela é extremamente versátil e, ao mesmo tempo, extremamente comercial. E isso faz com que, por algum caralho de motivo, as pessoas se sintam extremamente confortáveis em rebaixar ou ridicularizar os fãs de tal música, enquanto continuam consumindo músicas igualmente comerciais.
A questão é que a música da Taylor não tem nada demais. Quem argumenta isso não está errado. O problema é que assumem que esse não ter nada demais deveria significar que ela não deveria ser reconhecida, não deveria fazer sucesso. Eu discordo. Nenhum músico que fez esse tanto de sucesso em suas respectivas épocas foi revolucionário, por mais que aparentassem ser. Ela também não precisa ser.
Em geral, as músicas da Taylor falam de suas questões pessoais: amores não correspondidos, términos, a sensação de estar apaixonadinha, abusos psicológicos sofridos em relacionamentos com homens bem mais velhos... São vivências extremamente comuns. Vejo muitas pessoas falando que as músicas dela são sobre problemas de mulher branca e, sinceramente, são. E de mulheres não brancas também. Porque mulheres não brancas também se apaixonam, também se relacionam com pessoas abusivas, também têm seus corações partidos. O fato de pessoas não brancas sofrerem outras opressões não apaga da vida delas essas vivências femininas quase que universais.
A verdade é que a Taylor tem o tamanho que tem justamente porque ela não é nada demais. Assim como muitos de nós não somos nada demais. Sua música é um pop clichê comercial que fala de situações completamente banais*. Não é a toa que ela é chamada de básica a todo momento: porque ela é. Mas vale lembrar que antes de ser qualquer coisa além de básica, uma pessoa precisa ter uma base. E é nessa base que ela acerta, não sendo nada fora da curva.
Eu queria que ficasse claro, de uma vez por todas, que eu entendo quem se frustra quando ouve algo da Taylor Swift e não acha nada demais. Porém, sair gritando aos quatro ventos que não é nada demais não vai diminuir sua fama ou sua influência perante seus fãs. Porque nós também não somos nada demais. Podemos ser medíocres, até. E, ao menos para mim, está bom assim. Porque a Taylor me faz me sentir como a menina normal que eu nunca fui.
* Exceção para os álbuns Folklore e Evermore, que são bem diferentes tanto em gênero musical quanto em poesia, contudo as temáticas continuam as mesmas.
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