2 comentários

  1. Maria, sinto muito que você esteja passando por isso, mas eu me identifico muito com seu texto. Já cheguei a atender 10 pacientes por dia, e ao passo que eu amo ouvir as pessoas, foi extremamente exaustivo - foi também um período de burnout e de ideação suicida muito mais frequente. A clínica, por mais bonita que seja, tem o poder de nos exaurir completamente, e a gente não pode subestimar essa força que ela tem.

    Sei que talvez não seja o momento, mas se você tiver essa possibilidade, dá uma olhada nos processos de consultoria na área de educação. Tem muitas empresas contratando psicólogos pra pensar em materiais e projetos, principalmente trilhas de desenvolvimento de competências tanto em escolas e programas educacionais quanto em empresas, e suspeito que tenha menos interação social do que o atendimento clínico. Você também sempre podem ser honesta com os pacientes e indicá-los pra um colega - já tive que encerrar com um paciente por amor de transferência (não sei se o termo existe fora da psicanálise) e fui bem objetiva com ele, explicando os motivos e informando que eu não ia atendê-lo mais. Se você quiser conversar sobre, me chama - queira ou não tenho uns anos de prática aí nas costas e talvez ajude a pensar, se for o que você precisa.

    Se não, tudo bem também. O começo é bem desafiador, e ouso dizer que a psicologia está em tantas coisas que jamias você vai desistir da profissão de mudar de caminho, sabe? Seu bem estar vale mais do que todas essas coisas, inclusive dos seus pacientes, em alguns momentos. Então se cuida, se preserva e espero que possa ficar bem o quanto antes ♥

    Obs: só pra responder seu comentário, porque não queria deixar de responder, tô vendo muita gente focar na questão da "minha amiga que mudou pós diagnóstico" e eu não coloquei detalhes no texto porque não era sobre ela, era sobre mim e os meus medos. Mas ela é a típica pessoa que passou a usar como 'bengala' - tudo o que não é conveniente pra ela, o diagnóstico vira a carta. Foi desesperador, mas é difícil de explicar assim fora da convivência como foi esse processo, e eu tive muito medo de, de repente, estar me apoiando em algo que eu busquei mais pra me empoderar, desa mesma forma que vi ela fazendo, sabe? Entendo super o que vc pontuou sobre a regressão de habilidades, porque tô sentindo isso na prática - de repente tô tendo mais crises de enxaqueca que o normal e suspeito muito que seja algo psi, de "agora que sei que isso me faz mal, não vou mais ficar me contendo", e to trabalhando isso em terapia pq não é intencional, então concordo super contigo - mas nesse caso, eu vi o que o freud chama de "ganho secundário com a doença", em que a pessoa pode se cuidar e ter mais qualidade de vida, mas opta por manter-se enferma pq consegue ganhar algo com isso, tipo atenção dos familiares e amigos, flexibilizar coisas que não são flexíveis sabe? Mas enfim, achei importante esclarecer pq não entrei no detalhe justamente porque não era sobre ela, era sobre a minha experiência mesmo de estar no processo, ver isso acontecer e sentir medo mesmo.
    Que bom que você encontrou também o diagn., que fez sentido, e espero que te ajude no seu auto-cuidado. Fiquei pensando em quantos anos você relatou seu cuidado e desafios de saúde mental nos blogs e quanto disso talvez fosse reflexo do TEA - imagino porque eu sempre tive sintomas de ansiedade e depressão que NUNCA foram suficientes pra fechar um diagn. com CID, e agora sei que é muito do estresse e exaustão de precisar me planejar em excesso pra sobreviver aos estímulos diários, hahaha! Consegui até flexibilizações bem básicas no trabalho que super podiam ter sido feitas antes, mas agora vieram pq tenho o famoso ~ laudo ~

    Enfim. Obrigada por compartilhar comigo a sua experiência, e espero de coração que você consiga encontrar seu caminho o quanto antes, pra que você não precise permanecer em sofrimento. ♥ Um abracinho virtual e qualquer coisa, me procura!

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  2. Olá, Maria! Sinto muito pelo que está passando. Também estou numa crise por querer mudar de carreira e compreendo seu estresse.
    Eu amo minha profissão, mas não vejo futuro.
    Eu imagino que psicologia seja ainda mais estressante pelo fato de você ser autista. Talvez você possa encontrar outra maneira de exercer a profissão que ama, mas sem contato direto (ou pelo menos reduzido) com pacientes. Sempre tem, tente estudar outras possibilidades que você nunca imaginou.
    Espero de coração que essa fase passe e você melhore ao encontrar um rumo que te faça feliz.
    Beijos!

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